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Mostrando postagens de junho, 2011
Nem sempre é tão fácil quando faço parecer. Um lote de vezes é fodido, doído. Estar em meio a coisas e pessoas as quais seu mundo não atrela. Fugir de você mesmo, acomodando a máscara eleita do dia. Nem sempre o choro desemboca na linha d'água e flui a tristeza. Meu alimento, o desgosto. Engolir sal de lágrima todo santo dia e fingir que 'tá tudo bem'.
Limpava vigorosamente a mancha no monitor do computador. E nada. Aquela mancha opaca, viscosa, seguia com o olhar. Limpava os óculos, coçava os olhos. Nada. O embaçado era do tempo em que a alma ficou desconectada do corpo naqueles anos de penúria - foi o que dissera a tal cigana que lia o destino na palma da mão em plena Praça da Sé, às quatro e vinte da tarde. Mas destino não é futuro?!?
E se eu disser que vou sozinha a um show no parque em pleno dia dos namorados, você vai me julgar? Talvez eu compre um maço de cigarros pra me acompanhar. Talvez eu consiga um pedaço de grama pra me isolar em meio à multidão. Talvez eu dê sorte e não encontre nenhum conhecido. Quem sabe o que pode acontecer. E se todo o meu problema fosse um namorado - como muitos juram ser, afinal, é o que importa para muita gente - minha vida seria fácil. A solidão vai além do fato de não se ter alguém. E quando penso bem, minha vida vazia, ao menos, tem espaço para eu construir o que desejar. Me sinto um papel em branco. É.
Passou a catraca como se não houvesse obstáculo. Mirou mais uma vez as inscrições de Pessoa no muro do saguão. Sentiu vontade de tocar pra sentir que era mesmo real. Sacou o maço de cigarros da bolsa, engatou na boca e aguardou a escada rolante subir. Acendeu o isqueiro-coração em brasa. Tragou. A primeira baforada é sempre a melhor. Uma sensação de alívio, liberdade dos pensamentos, do peso do dia inteiro. 22h09. Chegou à parada de ônibus e estacou. Vagando apenas o pensar com a fumaça que evolava. 22h11. Do fundo, de onde ela veio, ele surgia. Parecia um moleque, mas quando se aproximou, arregalou os olhos e reconheceu de imediato. Reconheceram-se. Ela fez charme. Tragou com gosto e soltou pro alto, como quem abre as mãos e liberta um pássaro. O olhar perdido nas brumas frias da noite, num céu escuro. Ele contemplava. Eu sei. O ônibus ia demorar a sair - anunciou o cobrador. Ele virou de costas e acendeu um cigarro. Fumou com vontade e olhou pra ela. Os dois, cumplices através do cig