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Mostrando postagens de junho, 2009
Se eu pudesse inclinar minha cabeça para o alto, de modo que a boca pendesse aberta, tudo sairia num vômito incontido para o céu como a inundar o universo. Todas as coisas, pessoas, lembranças, idéias e sentimentos, tudo que aqui reside, e deve ser lançado ao vento para não mais perturbar. Tudo que corrói por dentro e faz delirar febril durante os sonhos inquietos. A canção da manhã já soa como um réquiem à minha danação. Ao cair da noite o sol me abandona ao gélido e pálido desespero e à angústia de aguardar seu morno retorno. As estrelas já não me fazem companhia como outrora... Ouço Piaf num ritmo socado, sem parar " Padam , Padam , Padam ..." enlouquecendo de agonia. As mãos torcem dentro dos bolsos, apertam, espremem, esticam para cima e um suspiro escapa dorido do peito.
Insatisfação Esfacelamento da razão Solidão crescente Saturada e contínua Apreensão. Códigos trocados E olhos bisbilhoteiros A te torturar Indignação Estagnação. Não consigo raciocinar... Conto um ponto E os nós se perdem em fios soltos E mais nós que fiz e desfiz Já não vejo a ponta Já não não ouço os sons... Não distingo os sabores e os odores Não sei mais nada sobre calores... Aqui só faz frio... Aqui embaixo é escuro e frio e solitário O eco é medonho e faz tudo parecer menor As palavras já não acodem como antigamente [Socorro!] Eu clamo, mas a boca parece costurada Ninguém percebe, ninguém ouve... Todos os dias um esforço hercúleo Para espantar o mau agouro Todos os dias
Desligou o telefone e eu nem pude me defender. Assenti. Num gesto de raiva, porém contido, soltei a bolsa sobre a mesa e liguei novamente o computador. Sentei. Não conseguia entender o porquê de tudo aquilo. Pra quê? Sadismo, era o que me ocorria sempre. Raiva. Queria chorar. Covarde, eu? Pode ser... Outros peitariam e gritariam, mas eu não... Eu abaixo a cabeça, engulo seco e choro escondido. Não gosto de causar atritos, nunca gostei. Tremia. Recomecei o serviço e minha cabeça rodando não atinava às palavras que eu deveria ordenar. As pessoas riam e falavam alto, como que fazendo pouco caso, até mesmo se surpreendiam em me ver por ali àquele horário. Pois é, eu respondia. *** Ela grita e pergunta num tom irônico qual o motivo de tanta pressa. Não me deixa responder. Eu realmente não sou uma pessoa ocupada. Eu nem mesmo sou uma pessoa para eles... O que eu sou? Merda. Nenhuma. Pra eles. Quem se importa? Pois eu digo, digo pra ninguém, porque ninguém quer saber mesmo, mas ainda assim