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Mostrando postagens de novembro, 2007
Espremer a ferida até que todo sangue e pus saia. Dar vazão aos sentimentos de libertação. À libertinagem. À pilantragem. Quero uma corda para me pendurar e sair planando pelos corredores extensos desse medo, dessa loucura. Meus delírios aparecem em público. Minhas manhas se expõem sem pudor numa bacia d'água fria com a pele enrugada. Quantas garrafas é preciso para perceber além da matéria? Eu tenho vivido em baixa resolução por atrevimento. Tenho me servido das mais fétidas e das mais refinadas sensações. Sigo extirpando a dor como quem empurra calmamente a cutícula para removê-la. Da inflamação de nervos insones, os desejos mais atrozes contra a ignorância e a futilidade diárias. Pudera eu arrotar um grito bem na cara dos fantoches purpurinados e indecentes. Pudera eu enroscá-los em suas próprias cordas para que deixassem minha vida em mim. Eu não quero muito mais que o essencial. Eu só quero as fragrâncias de jardins verdes e a paz que neles se estabelece. Ouvindo Etta James nu
Dia nebuloso. Névoa esbranquiçada e um cheiro de chuva no ar. O coração socando o peito de tanto se exaltar. O tempo não como medida para viver, mas uma atrocidade febril a dilacerar os nervos. Os prazos se esvaindo como areia numa ampulheta, folhas caindo para sinalizar a velocidade. Um acúmulo de sentimentos diversos num único peito cansado. Pensamentos loucos dançando no espaço turbulento da mente. No emaranhado de outros pensamentos velhos deixados de lado por falta de tempo. Dedos que não articulam direito de tanta exaustão.O corpo pesado. Passos arrastados. O mundo gira numa velocidade distinta. Num espaço que não é o meu. As coisas sempre muito fora do alcance pedindo para que eu me estique um pouco mais para pegá-las. Eu abro os olhos pela manhã e vejo uma carreira deles. Problemas. Insatisfações. Sempre esse drama. Uma coleção, quase uma compilação segmentada deles. Tantas ondas sufocantes imprensadas na garganta. Só há um meio de dar certo e a escolha é liderada pelo livre ar
Engraçado como alguns cheiros nos transportam pelo tempo...Hoje senti o perfume de uma mulher que estava ao meu lado no ônibus, que não sentia desde minha infância. Era tão característico de pessoas como ela, alguém que já deixou a juventude e pisou no campo do amadurecimento. Minha mente voltou a ser criança por alguns instantes. Lembrei de quando saíamos para as festas da família e de amigos – roupa nova, cabelos penteados, perfumados, cheiro de banho. De quando a vida parecia fácil e o sorriso era espontâneo. Das tardes de domingo em que a molecada jogava malha e taco na Tuparaí. Do “tio” que vinha com seu carrinho lotado de muppy, balões, fogueiras e churrascos no terreno abandonado. Senti saudades dos ovos de páscoa escondidos no jardim, em meio às flores e pedras. Das crianças brincando de boneca ou teatro. Havia casinhas de muro baixo, portãozinho e chão ladrilhado. Cerquinhas. Jardins floridos e muitas rosas. Pirulitos grandes e coloridos, em forma de chupeta. Caramelos e algod
Os de quatro dias se foram, mas ainda tenho uma vida pela frente...Não sei contar quantos dias...Não sei contar...Por isso escrevo. Messo minha vida com palavras. Escrevo. Cuspo cada letra que salta da garganta para a língua. E lá se vai ela...Bailarina. Retorce, convulsiva. Espirra no papel. Se queres conhecer uma parte de mim - não a melhor, nem a pior...só uma parte - leia-me então. Mas não entenda, sinta...O entendimento é limitado, já o sentir vai além dos limiares. E que complicações podem surgir quando há algo tão simples? Minha dose é medida por espantos. Espantos que uma criança levaria ao se deparar com essa "gente grande" toda complicada. Porque a verdade deve ser dita...Porque amanhã posso não estar viva. De que vale essa vida se não for vivida? A cada dia me surpreendo ao superar meus medos. E que medos insanos, bobos, medíocres. Que se soubesse, teria varrido todos eles há tempos! Não há nada - que eu me lembre agora - que não seja o que vê.
Sabe, o pior não é saber que passará a eternidade no cume de uma montanha com uma ave dilacerando seu fígado. O que dói é saber que ele se regenera... A queda que provoca a fratura dos ossos é o que menos importa...Saber que eles cicatrizam para uma próxima, é que machuca... Não se pode acostumar-se às coisas ruins, mas pode-se ter a certeza de que elas sempre acontecerão. Não me habituo, mas sei que a felicidade é feita de momentos. Meu momento acabou ali, naquela plataforma...Sim, eu sei como as coisas acontecem...Não me causa espanto. Só digo que me acostumar é pedir demais. Mas eu sei como funciona a máquina do mundo. Se isso é bom ou não, nem sei... Depende do ponto de vista...Só sei que fabuloso não é. O resumo de meu fim-de-semana é pautado por tantas peripécias, que não caberia aqui...coisas boas e ruins, volúpia e náusea... Sabe, eu sou normal - não importa seu ponto de vista sobre normalidade - minha vida que é bipolar...vou de um extremo ao outro em minutos...talvez porque a
Eis que aqui estou. O mundo louco gira intensamente e coisas acontecem. O que desejava, consegui. Ou, uma das coisas que desejava...ainda há mais. Quero você. Me olha. Viu? Pois é, sou assim, esta que você vê. E muito mais. Há certos gestos em mim que só podem ser percebidos chegando mais perto. Chega mais. Senta aqui. Pega seu copo e relaxa, o maior mal que posso lhe fazer é dar meu amor. Com ele, está minha liberdade. Numa caixinha, como a de Pandora. Porém a minha só tem coisas boas. Seus defeitos, não conheço...é o de menos. Suas manias...amarei. Se é você? Não sei. Mas por que não experimentar? Sua sintonia se afina com a minha. Vem.
Hoje saímos meu all star, meu sobretudo, minha bolsa psicodélica e eu, além dos apetrechos que me acompanham todos os dias. Fui levar o livro que a Lú me emprestou, a propósito, ajudou muito viu, Lú. Nem deu tempo de conversarmos e eu agradecer o quanto queria. A sangue frio, de Trumman Capote. Muito bom esse livro. Fantástico, eu diria. Entrei novamente naquele lugar que me traz indiferença, agora, e sinto que nem quero voltar tão cedo por lá. Voltei com a Vi. Conversamos sobre as coisas...Ai, que saudades dos meus amigos! É tão ruim não tê-los por perto, como antes. Estávamos voltando para casa e pensando na vida. Então decidimos – meu all star e eu – saltitar pela calçada esburacada, driblando as imperfeições. Passei pela casa dele e pensei que seria legal se nos víssemos. Mas eu seria somente um corpo frio interagindo com ele, minha cabeça flutuava...Ergui a cabeça num gesto tedioso e percebi o céu vermelho, não sei se gosto ou desgosto dele assim. Mas, ultimamente, esse céu vermel
Eu me lembro dessas tardes... Há um padrão. Há um padrão?!? Não há nada que eu não possa reverter. O que menos preciso, agora, é de gente no meu pé. Me dizendo o que devo ou não fazer. Como devo ou não viver. Do meu gosto, sei eu. Minhas dores eu carrego. As pedras no chão, eu recolho, mas se minha mão e a sua tocarem a mesma pedra, eu agradeço e continuo andando. Não. Não é ingratidão. É preservação. Não sei de quê. Mas é a maneira que encontro para me defender: me isolar, não me expressar, evitar...a frieza sempre fez parte de minha vida, principalmente nos momentos mais perversos. Já passei por mentirosa por não demonstrar me importar. A real é que eu me importo. E muito mais que se possa imaginar. Mas não como os outros. Cada um tem seu 'time', e o meu não tem padrão. É só meu. Sou só eu. Somente eu. Não lhe devo explicações...Minha vida é minha. Faço o que quero. As pessoas reclamam. Não tenho culpa se fazem uso inadvertido de minha pessoa. É aquela velha história: "q
É porque essa coisa não se define...não há palavra só que expresse esse sentimento. Vazio? Angústia? Ansiedade? Melancolia, nostalgia...de quê? I don´t know. É quando você sente que toda a atenção do mundo não vai te parar, que o vento é só pra lembrar a poeira suja "em cantos de concreto"... Mas eu desisti de entender. De me entender. Deixo fluir como uma novidade a cada manhã. E flui o mau-humor, flui o desespero, flui a insanidade. Alegria são momentos...o resto é constante. Queria poder apertar um botão e apagar, como um robô. Ou morrer de vez enquando, só pra variar... Dia desses me atiro nua numa fonte pública. Ou saio falando coisas desconexas pelas ruas, como louca. Estou cansada dessa normalidade. Cansada desse mundinho rotineiro, onde não acontece nada além de bombas, crise aérea, aquecimento global...O caralho! Todo mundo assiste, inerte, ao fim do caos. Todo mundo! E aí, quem se habilita? Ficar aqui de espectador é cômodo demais. Cadê os terráquios desse mundo de
Em algum momento me perdi em ruas, postes, asfaltos...num mundo insano de trabalho, estudo e cobranças mil. Não há tréguas, nem conforto. Só a sensação de vazio no fim do dia. Às vezes parece que vou virar o rosto para cima e vomitar tudo: letras, contratos, desilusões, problemas que não são meus...meu mundo perdeu o chão e vivo a flutuar. Antes fosse por amor, que por alucinação ou desespero. Tantas coisas ao redor, que fico tonta. Tanta informação, burocracia, tempo para realizar, tempo para viver...quantas vezes vou passar por isso até o fim? A insuportável solidão que não me deixa, mesmo rodeada de amigos, pessoas amadas...a incerteza do amanhã, do que virá...melancolia de inverno! É sempre assim, cada estação me carrega para um martírio diferente, seja o da felicidade extrema, seja da nostalgia gris. A vida se desenrola tensa, densa em sua opacidade. Não há nada que eu possa fazer para acelerar seu fim. Não há meios, nem armas, ou balas de goma que removam esse entrave. Tem dia qu
Sono. Cansaço. Saudades. Duranga, sem $$$. Feliz. Coragem. Desafio. Adoro. É como se eu estivesse numa redoma...o mundo corre lá fora e eu no meu mundinho, com minhas alegrias e aflições. Sinto como se estivesse numa realidade paralela. Tudo acontece comigo e com o mundo separadamente. Eu nem assisto. Não tenho tempo. Mal acordo, a carne sofre o baque do vento gelado da manhã. Chego. O coração mole de tanto amar. Amar as árvores, o sol, o asfalto...pro sofrimento eu pedi um tempo, tava me enchendo o saco. Odeio que me encham o saco! Os desamores esqueci...saí andando sem olhar para trás. A estrada é longa e eu tenho que correr. Há uma curva em algum lugar e não dá tempo de explicar. O tempo passa o tempo todo. Os pés estão sempre um à frente do outro. Quando param, mal dá tempo de conversar. Parece bom, mas sempre falta algo...eu sei o que falta. Ah, você nem precisa saber. Não é da sua conta.
Quando chove e a calha deixa a água escorrer com violência para a rua, as dores vão junto, bem devagarinho. Saem por onde não sei. Dissolvem-se na lama da sarjeta e fogem para um bueiro escuro qualquer. Seus resquícios é que ficam impregnados em mim. Esse laivo de dor é o que corrói minhas forças. Eu queria aniquilar meu passado e prever meu futuro, num gesto desesperado de quem quer estancar o mal do presente. Não há forças suficientemente grandes para arrancar você daqui...Não há. Porque o seu rosto aparece em minha mente a todo momento. E meu ódio por você é tão grande...Mas você sabe, a linha que separa o ódio do amor é muito tênue...É como uma lágrima, representa toda dor e toda alegria que contém. Eu ouço aqueles sons e me torturo durante horas. As novidades se misturam ao meu passado, a você e tudo é uma só dor. É compreensível tudo que aconteceu, se levarmos em consideração a linha da razão. Mas meu coração não consola...E cai cada vez que tenta te deixar pra trás. Tenho a sens
Vivo numa dimensão que sobrepôs os limites da razão. Vivo num lago constante em suas estagnações, em sua medida expandida de estresse. Minha veia poética jorra o sangue impuro das dispersões. Canalizando as explosões para esse vértice, lamento escoado nesse pó. Minha loucura eu disfarço todas as manhãs, quando acordo, com a leseira jocosa. Meus pés pulam as cordas transpostas no caminho a fim de alcançar o objetivo extremo e puro, vital. Todo o meu ser comovido numa única ação. Numa linha pontilhada que tracei, que eu nem sei direito onde vai dar. Meu corpo lança, de tempos em tempo, uma fúria incontida nessa tela. Atira suas lamúrias e contestações aos pontos, às reticências. Em bares, tento descobrir o teor mais puro da música que me transporta ao meu mundo. Tento encontrar esse caminho para seguí-lo eternamente, num esforço incapaz de abraçar as entranhas, o útero do qual saí. Eu sonho com meu espaço, meu mundo racional, fora dessa irrealidade, dessa insanidade. Eu destruo as crosta
Desespero, desespero...Ficar sem te ver me mata! Não há concentração, nem meios de prender minha atenção em o que quer que seja. Uma necessidade extrema que cresce e sufoca a garganta. Um ímpeto de passar a mão no telefone e gritar o quanto quero você agora! Não há nada que possa sanar essa loucura constante de respirar você. Eu esqueço do mundo, me esqueço. Só o que consigo ver é seu rosto na minha frente, me olhando. Que sentimento é esse que me arranca de mim e me lança num espaço abstrato? Ouço as vozes que falam e falam sem parar a minha volta e eu não entendo o que elas dizem... É só um blábláblá irritante que soa como eco muito longe...A mente viaja pelas águas turbulentas de minha ansiedade ao som pesado de soundgarden ou qualquer outra banda que me faça sentir meu corpo novamente. PowerPoint aberto à frente, provas e trabalho implorando para serem feitos, mas eu não sei o que há comigo. Meu corpo se debate contra a atmosfera, a boca grita sons ininteligíveis, os olhos são cego